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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Calor, swing e sabor



Por Nina Capucci

Não sabia ao certo se estava preparada para aquela nova experiência, tinha um misto de ansiedade com curiosidade. Sei apenas que era versão, o calor estava sufocante e qualquer bebida ou qualquer roupa não eram suficientes para arejar e deixar a vontade. Resolvi experimentar aquela sensação diferente. Já tinha lido em revistas femininas com toques eróticos, já tinha visto algo parecido em documentários e até mesmo em alguns filmes. No entanto, estar dentro daquela situação era bem diferente estando ainda acompanhada do marido.
Não me lembro da maneira que cheguei em que cheguei naquele clube, acho que tive uma amnésia instantânea, daquelas que você nem se lembra do nome de sua mãe.
O ambiente parecia com uma discoteca dos anos 70, muitas luzes e som bem animado. Homens interessantes bem vestidos com olhares de lobos como em cima de suas presas. Mulheres com os vestidos bem curtinhos, aderentes ao corpo, provavelmente muitas sem calcinha, com decotes generosos, cabelos na maioria lisos e usando grandes bijoux.
Comecei a beber uma caipirinha de vodka para me soltar, pois estar naquele ambiente estava fora de cogitação, mas lá eu estava. Ficar solta de livre e espontânea vontade, até queria, mas era necessário a ajuda da caipiroska.
As pessoas dançavam de forma insinuante, quase simulando uma transa. Nos cantos podia ver na penumbra algumas pessoas fazendo sexo sem a preocupação de serem vistas, afinal, se ali estavam tinham pagado para serem vistos naquela situação. Aqueles movimentos de corpos e gemidos misturados as batidas da musica comanda por uma DJ de máscara que dançava sensualmente enquanto as luzes refletiam os seios expostos cobertos apenas com purpurina era uma prévia da noite que estava por vir.
Estava observando o ambiente quando fui abordada por uma mulher me convidando para transar com ela e o marido. Achei o homem interessante, muito mais novo que a mulher. Começamos a dançar os três  de forma animada. Eu estava no meio, ele estava por trás esfregando o membro em mim e ela esfregando os seios siliconados em mim de maneira sensual, enquanto meu marido me observava. Peguei a segunda caipirinha, afinal, acredito que apenas a bebida poderia liberar a minha libido, já que eu fora criada em uma família extremamente evangélica, onde que até mesmo o gozar estava  para o pecado. Pensei no meu pai e na minha mãe. Mas aquilo era ridículo, pensar na mãe e no pai  em uma casa de swing, depois dos 30 e depois de casada...estava fora de cogitação. Avisei o casal que eu queria dar uma volta e voltaria logo. Enquanto andava nos corredores do lugar, muitas pessoas transavam. Uma mulheres estava com o vestido levantado, seios para fora do decote, enquanto um homem a penetrava pela frente e outro por trás, alguns homens e mulheres passavam perto, olhavam e até mesmo outros passavam a mão e participavam um pouco.
 Vi um quarto com muitas pessoas, eu não sabia ao certo onde começava uma pessoa e onde terminava a outra. Fiquei com tesão em estar participando daquela situação. Pensava no casal e nas diversas oportunidades que ali estavam e nessa altura do campeonato eu já tinha até me esquecido do meu marido.
Vi uma porta entreaberta, onde tinha uma enorme cama e diversas pessoas transavam na cama, pareciam elos de corrente, um terminava e o outro começava tendo como base sexo oral. Continuei a minha caminhada no labirinto erótico tinha outra sala, onde tinha uma parede feita com um material leve e suave, que não deu para identificar. E nessa parede tinha diversos buracos a uma altura de 60 cm do solo, onde homens misteriosos colocavam  os seus pênis eretos, escondendo assim sua identidade e justamente na sala onde eu estava demais pessoas, sendo homens ou mulheres podiam tocá-los, fazer sexo oral ou até mesmo serem penetrados daquela forma. Homens e mulheres ficavam de quatro e aos poucos iam encaixando a vagina ou o ânus no pênis ereto na parede. Muitos gemidos e muito cheiro de sexo no ar.
Achei interessante, mas resolvi sair daquela sala e continuar, quando estava saindo do quarto “Pênis sem rostos” o casal estava me olhando com olhar de desejo, quando cheguei mais perto deles, vi que a mulher era eu. Não entendi aquilo e perguntei: - Quem é você? Ela me respondeu com um sorriso  no canto so lábios: - Eu sou você! Me coração acelerou e com os nervos a flor da pele pensei que poderia estar sonhando, ou era resultado das duas caipiroskas. A mulher que se dizia eu olhou no fundo dos meus olhos e me disse com um olhar penetrante: - você não está sonhando. Você está acordada, mas acha que está sonhando porque é covarde demais para encarar a realidade.
Gritei: - eu estou sonhando e foi justamente ai nessa parte que acordei e vi que era um sonho, ou era realidade? Não tenho certeza ao certo. Por isso que me encontro aqui no seu consultório, pois acredito que a terapia me ajudará a entender  se eu fui em um clube de swing, se de fato eu vi tudo aquilo ou foi mesmo somente a minha imaginação.
- Calma Adélia! Como já repeti muitas vezes, você está em tratamento em uma clinica psiquiátrica. Toda semana você me conta essa mesma estória. Vamos fazer o tratamento e você ficará melhor.
- Não é estória doutora! Eu também te vi lá, você não lembra?

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